Depois de aprimorar seus processos de governança, a capixaba Autvix viu sua carteira de clientes aumentar cerca de 300%. Agora, atenta às exportações, a empresa toma novamente o caminho da capacitação para fazer bonito em novos mercados.

O minério que sai de Minas Gerais e chega ao porto de Tubarão, em Vitória (ES), é transportado de trem, em vagões. Ali, a carga é descarregada em silos e conduzida por correias transportadoras até os pátios de minério para que, em seguida, seja embarcada em navios mundo afora. O processo, que acontece de maneira totalmente automatizada, envolve um complexo sequenciamento de equipamentos mecânicos e elétricos. Projetar, instalar, testar e manter funcionando sistemas de automação como esse é uma das linhas de negócio da Autvix Engenharia e Consultoria, vencedora do MPE Brasil 2015 na categoria Serviços.

Criada em 2008, a Autvix atua no segmento de automação e controle, oferecendo tecnologia de ponta em serviços e soluções para o segmento industrial. Sediada em Serra (ES), na Região Metropolitana de Vitória, a empresa é fruto da visão de dois sócios com know-how no setor. Com formação em Engenharia, Marcos A. Monfardini Filho e Wanderson A. Silva identificaram uma oportunidade única ao constatarem que o estado era carente de recursos inovadores na área. Na época, o Espírito Santo contava com diversos projetos que requeriam soluções de automação em curso. “Queríamos apresentar serviços diferenciados ao mercado capixaba, e aquele era o momento”, lembra Monfardini, diretor da Autvix. Nem ele tampouco o sócio imaginavam que a animação inicial logo sofreria um baque por conta da crise financeira internacional.

A recessão no mercado global abalou o cenário econômico brasileiro e exigiu uma dose extra de resiliência aos empreendedores. Justamente quando a empresa engatinhava. Naquele momento, a experiência dos gestores se mostrou fundamental para superar os entraves iniciais. Por terem atuado junto a grandes players, os dois dispunham de um networking consistente. E foi dessa rede de contatos que saíram os primeiros negócios. “Cabe lembrar que

não nos tornamos concorrentes da empresa em que trabalhávamos, pois procuramos outros nichos”, ressalta Monfardini. Os contratos de estreia foram firmados com parceiros dentro de duas potências: Petrobras e Vale. A Autvix, que sequer nome tinha, garantia assim o fôlego necessário para fazer com que a operação deslanchasse.

CRESCENDO E APRENDENDO

Em 2009, a Autvix ganharia um novo sócio, Bruno B. Soares, a quem coube o desafio – e a responsabilidade – de impulsionar a parte comercial do negócio. O portfólio de clientes começou a crescer, assim como as necessidades de estruturação e de profissionalização da empresa. Até então, os proprietários atuavam apenas com um escritório virtual. Até porque o trabalho acontecia, na prática, direta-

mente nas operações dos clientes. Com o incremento das demandas, em 2010 uma sede física acabou se tornando necessária. Na esteira desse crescimento, a equipe também precisou aumentar. E foi aí que a lâmpada da governança acendeu.

A boa fase pavimentou a busca por melhorias no âmbito da gestão. Vieram cursos, consultorias e capacitações junto ao Sebrae/ES. “Até então, administrávamos intuitivamente, sem um conceito por trás”, admite Monfardini. O aprendizado organizacional suavizou o perfil eminentemente técnico da organização e auxiliou todos na definição de rumos mais claros. Outra medida considerada marcante na história da Autvix foi a adesão, em 2012, ao Programa Integrado de Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores (Prodfor). Surgida em 1997, a iniciativa promove a capacitação de fornecedores para as principais indústrias do Espírito Santo, mantenedoras do projeto. Em linhas gerais, o Prodfor segue um conceito de padronização semelhante aos utilizados pela certificação ISO 9001, que atesta a qualidade do Sistema Integrado de Gestão das empresas avaliadas. Além dos processos tradicionais, a normatização capixaba ainda inclui exigências em quesitos como Meio Ambiente e Segurança do Trabalho.

Os avanços administrativos trazidos pelas habilitações determinaram um novo e promissor momento para a Autvix. “Antes, o nosso faturamento dependia não mais do que de quatro clientes”, recorda o diretor da empresa. Orientada por processos bem-definidos, a Autvix partiu para a diversificação dessas fontes e ampliou sua carteira significativamente, multiplicando em pelo menos 300% o número de contratos desde a virada da década. Agora, a cada ano, a empresa trabalha com um rol que oscila entre 40 e 50 projetos.